quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eu e os trens outra vez.



Há alguns dias fui visitar a estação e o museu ferroviário da minha cidade. Simples, pequenos, nada como uma cidade interiorana com um único shopping (até agora, né?). E como me deliciei!
Não resisti e tirei umas (milhares, segundo a S) fotos por lá. Mas, poxa, era impossível não fazê-lo e, tenho certeza, você concordaria se fosse eu. (Ah, jura???!!)(Sério, meeu!)(Poxa, GRANDE revelação!)
Sei que, me intrometendo com meus átomos do século XXI (calma, eu sei que não é assim que funciona, mas vamos lá, isso é um texto de blog e não um doutorado em Química) e meu celular um tanto moderno, de certa forma, pequei contra o espírito de coisa-antiga que pairava naquele ar fresco, o ar que na minha cabeça era empoeirado e tinha aquele efeito sépia. Mas o encanto era grande a ponto de custar caro manter-me tangenciando tudo aquilo apenas com os olhos. Eu precisava sonhar mais do que com a cabeça e o coração; queria abusar do tato, já que naquela hora isso me era permitido.
Ah, eu o fiz. Entrei em cada vagão, toquei nas paredes, sentei em todos os bancos. Admirando os desenhos talhados na madeira, vendo com os dedos todo o trabalho dedicado naquela construção, senti a manifestação dos "olhos brilhantes" (vou usar sempre essa expressão, ok, minha querida E?). Fascinante imaginar os viajantes de primeira classe almoçando dentro dos vagões; praticamente pude ouvir o som dos mil talheres encontrando a porcelana dos pratos. Imaginei homens de bigodes com seus chapéus e maletas de couro marrom, homens de negócios. Imaginei meninos com boinas e meias até os joelhos. Mulheres e meninas com vestidos cheios de rendas e babados, cabelos encaracolados como os de bonecas.
Trens me lembram uma época mais antiga, os posiciono sempre naquele cenário em que eles geralmente são colocados nos filmes, sabe? Lembram-me preto e branco; lembram-me pérolas e chapéus com penas. Não me pergunte o porquê.
Quaisquer lembranças desse passado que não pude presenciar são incríveis para mim, pois sei que jamais terei a oportunidade de vivê-lo. O futuro, ah o futuro ainda me espera. Mas o passado não volta e o mistério que ele cria em mim me incomoda muito ao mesmo tempo em que me emociona.
Cartas amareladas, músicas típicas antigas (daquelas em cujas gravações é possível ouvir uns estalos vez ou outra), fotos desbotadas, roupas,... quaisquer vestígios desse tempo me fazem viajar e encontrar na minha imaginação coisas bonitas como enredos de histórias de amor bem românticas.
Vi um telefone muito antigo, bem diferente, mas BEEEEM diferente MESMO do que o que temos hoje, vi máquinas de escrever, máquinas de calcular (que não haviam sido batizadas de calculadoras ainda), máquinas pra digitar em código morse. Vi vários relógios enormes bem velhos, vi uma escrivaninha deslumbrante, cheia de pequenas gavetas.
Mas mais do que isso, algo que não posso exprimir em palavras me tomou naqueles momentos, como se eu pudesse compartilhar daquela realidade e não só de impressões sobre ela, como se flashes do que se passou ali há décadas se repetissem na minha presença.
Nunca vou me esquecer de nada daquilo, principalmente dos desenhos talhados na madeira das paredes e do teto dos vagões.
É... Preciso mesmo de uma viagem de trem. Com uma bela paisagem, de preferência.
Ah, e peço licença, mas não dispenso uma boa câmera fotográfica!

3 comentários:

Samuel Jun disse...

Sério, eu acho verdadeiramente mágica a maneira como você escreve. Acho que à isso damos o nome de genial. Eu ia terminar com um "muito bom!" mas acho que me contradiria. Parabéns!

Gesse disse...

vamo ai? viajar a 20kmh...e so falar quando =)

Winne disse...

Cenário de novela das seis