segunda-feira, 28 de março de 2011

Quando a muda muda mudou

O amarelo avermelhado
outrora verde dourado
fazia desbotado o gramado
típico de cerrado
tipicamente ralo.
Solo cerrado,
improvável maternidade
mas paradoxal berço
de uma muda muda
nem metade, nem um terço
vestida; desnuda.
Não fora plantada,
nem do acaso gerada, ela sabia.
Sempre calada, à discrição habituada,
assistia, aprendia.
Estava presa, possível presa,
zelava, fugia e se refugiava,
em própria defesa,
e com o tempo que passava,
essa frágil beleza
como num encanto,
cresceu tanto quanto
jamais se imaginara.
Mostrou-se a sua cara,
mais que rara, clara,
cara.
Em alto e bom som,
sem falhar no tom,
com seu canto,
saiu do seu canto
pra ir a todo canto.
Sua raiz não o contradiz,
pois após ser aprendiz,
quer dar fruto,
minuto a minuto,
mostrar o produto
e transmitir seu saber,
apresentar a vida
pelo seu florescer,
e a Verdade lida
provada e sentida
não totalmente entendida
em cada semente caída
evidente medida do amadurecer.

A muda muda mudou,
foi transformada,
não por si só se transformou.
Já arraigada, agora preparada,
é árvore frondosa, folhosa
por falar ansiosa
da seiva preciosa
que lhe fez o que hoje é...