sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Perspectiva

A mudança de ano, como li uma vez, é uma invenção genial. Traz consigo aquele espírito de união entre as pessoas, de caridade. Renova as esperanças de todos na possibilidade de um futuro melhor, de um ano de realizações e boas surpresas. Todos fazendo votos de um novo ano com muitas felicidades, uns para os outros. É bonito, sim.
Por outro lado, nesse finzinho, o que eu mais penso é como foi o ano que se passou. Não estou falando de pensar "nossa, passou rápido, né?" mas sim de um análise um tanto mais aprofundada. O famoso "balanço geral de fim de ano". Soa bem clichê, mas devido às minhas manias ... saudosistas - digamos assim - acabei aderindo a essa prática. E, sabe, é muito bom, de certa forma. Eu digo "de certa forma", porque também traz o sério risco de um sentimento de nostalgia (por mais recente que seja), um medo de abandonar esses tempos bons...
Mas como não sou a Sininho, fada do Peter Pan, posso dividir o espaço dessa saudade com o da alegria de olhar pra trás e relembrar dos melhores momentos. Foram tantos...
* E nisso eu vejo ainda mais evidentemente o inestimável valor da Charlie (meu diário). Ela me ajuda a lembrar de TANTA COISA! *
Não deixe de lembrar dos amigos que conheceu nesse ano de 2010. Nem daqueles com quem brigou e fez as pazes. Não deixe de lembrar dos momentos mais felizes, nem dos mais tristes, nem dos mais engraçados, nem dos mais estressantes. Não deixe de recordar os momentos de cansaço, trabalho, estudo e sono... nem dos momentos de festa, música, conversa, etc.
Não se esqueça das piadas sem graça que seus amigos contaram (cof cof), dos comentários inoportunos de outros (cof cof), dos foras que te deram, de todos os episódios que na hora foram tensos mas agora te fazem rir...
Não se esqueça de quando aquele amigo que você não esperava te ajudou numa hora decisiva e difícil, nem de quando você começou a conversar com uma pessoa totalmente repentinamente e sem motivos.
Não se esqueça de quando sorriram pra você. Não esqueça de quando você sorriu pra si mesmo.
E baseado nisso tudo, sonhe com o Novo Ano. Não faça uma escala de horários ou eventos para esses dias, mas SONHE com eles, espere com entusiasmo pelas surpresas que podem surgir no caminho. Não priorize horários, obrigações e prazos, apenas, por um momento, sonhe, fantasie. Hoje há uma preocupação tão grande quanto à criação de cronogramas detalhados, programações diárias previamente organizadas... Tudo parece tão mecanizado, tão pouco humano...
Planeje fazer mais amigos sem querer, planeje visitar as pessoas, planeje ser mais amigável, cumprimentar todos e ouvir-lhes olhando nos seus olhos. Eu diria... Planeje ser espontâneo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Minhas Pessoas

Sonhei com minhas pessoas essa noite.
Minhas pessoas sorriram para mim quando abri os olhos dos sonhos. (Existem os olhos de sonhar e o os olhos de viver, certo?)
Elas sorriram com os lábios e com as mãos que me abraçaram, uma a uma de maneira especial, todas juntas de forma inesquecível.
Eu sorri de volta, com o coração. Senti-me acomodada mas ao mesmo tempo, meu batimento acelerou. Engraçado!
E lindo. Lindo saber que minhas pessoas estavam ali novamente. Elas sempre estavam.
Era a percepção mais plena de que cada segundo é particularmente único, porque a cada vez que esse episódio acontecia, eu, lisonejada, me surpreendia como se fosse a primeira vez. E a cada dia esperava ansiosamente para que ele viesse a se repetir. Engraçado outra vez: eu já esperava, mas sempre era pega de surpresa!
Aiai... como amo as minhas pessoas!
Minhas pessoas, apesar de nem sempre me deixarem cuidar delas, o fazem para comigo. Tantas vezes não sei o quanto isso pode lhes custar... mas sou sempre grata, indubitavelmente.
Cativantes são pequenos gestos que a mim oferecem. Palavras, minutos, sorrisos e presentes tornam-se tesouros mais valiosos que qualquer baú cheio de ouro no fundo do mar. Cartas e fotografias eternizam esse encanto formidavelmente.
Minhas pessoas me escutam e me leem minunciosamente, esmiuçando cada detalhe, cada suspiro, cada reação. Gosto de fazer isso com elas também. Atenção é alimento indispensável.
Elas em mim depositam confiança e eu mais ainda o faço. Não temo que vejam minhas lágrimas e procuro enxugar as suas.
Também são aquelas pessoas que me dão motivos pra rir risadas de verdade, trazendo descontração quando crises de estresse, cansaço ou nervosismo são iminentes.
São aquelas que lutam ao meu lado, que dividem comigo seus escudos e atacam por mim com suas espadas. São pessoas que dividem meus fardos comigo, me estendem a mão para que me levante quando caio ou para me puxar de volta quando estou sem os pés no chão.
Não nego que às vezes sofro por causa delas, a sua ausência (em diversos sentidos) me fere, assim como pequenos atos que aos seus olhos não têm significado algum, mas que para mim são como facadas... Mas estranho seria se isso não acontecesse.. e até, de certa forma, isso me proporciona crescimento, e à amizade, fortalecimento.
Minhas pessoas sabem como eu sou, reconhecem minha tristeza, sabem como me consolar. Elas também sabem quando estou feliz, sabem quando brinco, sabem brincar, sabem do que gosto... sabem me deixar feliz de verdade!
Entre todas essas coisas, no entanto, o que mais quero que saibam é que as amo imensamente! Não espero que compreendam o quanto, sendo que nem eu mesma o sei, mas que conheçam essa verdade e que lhes seja possível senti-la!
Eu, de todo o meu coração, anseio vê-las felizes e procuro agir de modo que isso se concretize. Tento de todas as formas possíveis demonstrar o quanto me importo com elas, falando explicitamente ou deixando nas entrelinhas das minhas ações.
Desejo que saibam da minha disposição para ajudá-las e da minha inexplicável gratidão a elas e, acima de tudo, Àquele que me concedeu a honra de encontrá-las, conhecê-las e amá-las.
Quero que se lembrem eternamente, mesmo que o tempo nos distancie, mesmo que as circunstâncias não nos favoreçam, que sua marca é inapagável, tamanha a sua profundidade.
Elas me cativaram e me cativam; me encantam, me fazem brilhar os olhos...
...As minhas pessoas...!

sábado, 23 de outubro de 2010

O véu de sete metros

Não me esforcei muito, mas parece que cavoquei bem fundo na terra e encontrei um baú de tesouros nessa tarde.
Lembrei-me de algo que marcou muito a minha infância... Na verdade, eu não tinha esquecido, só não era mais tão nítido...
Eu sempre me recordei de ouvir meu avô cantando pra mim, quando eu tinha por volta dos meus 3 anos, uma musiquinha exatamente assim: "Quem quer casar com a Senhora Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?"
Nunca me esqueci de que havia um rato que caíra na panela de feijão também...
Mas... não conseguia entender qual era o sentido dessas lembranças...
Pra ser sincera, ainda não consegui... mas encontrei uma coisa preciosíssima!
Descobri de onde vinham essas lembranças sobre uma baratinha e um rato e uma panela de feijão.
E descobri também porque, logo no comecinho da minha infância, eu secretamente queria me casar usando um véu de sete metros.
É. É isso mesmo. Era segredo, mas agora vocês também sabem... E se quiserem saber o motivo, assistam:

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eu e os trens outra vez.



Há alguns dias fui visitar a estação e o museu ferroviário da minha cidade. Simples, pequenos, nada como uma cidade interiorana com um único shopping (até agora, né?). E como me deliciei!
Não resisti e tirei umas (milhares, segundo a S) fotos por lá. Mas, poxa, era impossível não fazê-lo e, tenho certeza, você concordaria se fosse eu. (Ah, jura???!!)(Sério, meeu!)(Poxa, GRANDE revelação!)
Sei que, me intrometendo com meus átomos do século XXI (calma, eu sei que não é assim que funciona, mas vamos lá, isso é um texto de blog e não um doutorado em Química) e meu celular um tanto moderno, de certa forma, pequei contra o espírito de coisa-antiga que pairava naquele ar fresco, o ar que na minha cabeça era empoeirado e tinha aquele efeito sépia. Mas o encanto era grande a ponto de custar caro manter-me tangenciando tudo aquilo apenas com os olhos. Eu precisava sonhar mais do que com a cabeça e o coração; queria abusar do tato, já que naquela hora isso me era permitido.
Ah, eu o fiz. Entrei em cada vagão, toquei nas paredes, sentei em todos os bancos. Admirando os desenhos talhados na madeira, vendo com os dedos todo o trabalho dedicado naquela construção, senti a manifestação dos "olhos brilhantes" (vou usar sempre essa expressão, ok, minha querida E?). Fascinante imaginar os viajantes de primeira classe almoçando dentro dos vagões; praticamente pude ouvir o som dos mil talheres encontrando a porcelana dos pratos. Imaginei homens de bigodes com seus chapéus e maletas de couro marrom, homens de negócios. Imaginei meninos com boinas e meias até os joelhos. Mulheres e meninas com vestidos cheios de rendas e babados, cabelos encaracolados como os de bonecas.
Trens me lembram uma época mais antiga, os posiciono sempre naquele cenário em que eles geralmente são colocados nos filmes, sabe? Lembram-me preto e branco; lembram-me pérolas e chapéus com penas. Não me pergunte o porquê.
Quaisquer lembranças desse passado que não pude presenciar são incríveis para mim, pois sei que jamais terei a oportunidade de vivê-lo. O futuro, ah o futuro ainda me espera. Mas o passado não volta e o mistério que ele cria em mim me incomoda muito ao mesmo tempo em que me emociona.
Cartas amareladas, músicas típicas antigas (daquelas em cujas gravações é possível ouvir uns estalos vez ou outra), fotos desbotadas, roupas,... quaisquer vestígios desse tempo me fazem viajar e encontrar na minha imaginação coisas bonitas como enredos de histórias de amor bem românticas.
Vi um telefone muito antigo, bem diferente, mas BEEEEM diferente MESMO do que o que temos hoje, vi máquinas de escrever, máquinas de calcular (que não haviam sido batizadas de calculadoras ainda), máquinas pra digitar em código morse. Vi vários relógios enormes bem velhos, vi uma escrivaninha deslumbrante, cheia de pequenas gavetas.
Mas mais do que isso, algo que não posso exprimir em palavras me tomou naqueles momentos, como se eu pudesse compartilhar daquela realidade e não só de impressões sobre ela, como se flashes do que se passou ali há décadas se repetissem na minha presença.
Nunca vou me esquecer de nada daquilo, principalmente dos desenhos talhados na madeira das paredes e do teto dos vagões.
É... Preciso mesmo de uma viagem de trem. Com uma bela paisagem, de preferência.
Ah, e peço licença, mas não dispenso uma boa câmera fotográfica!

Enxergando com olhos de cegos - por S.Z.

Sou uma amiga da Laura e pedi um espaço no blog para postar um texto que tive vontade de escrever após assistir a uma aula hoje na escola:


Enxergando com olhos de cegos

E hoje percebo que me encontro em meio a uma sociedade cega. Não que eu viva somente entre pessoas desprovidas desse sentido tão precioso que nos permite enxergar desde simples detalhes até a beleza grandiosa de uma paisagem, mas a questão é que mesmo possuindo a visão as pessoas não conseguem ver verdadeiramente.
Atrevo-me até a utilizar o livro de Saramago, "Ensaio sobre a cegueira", para tentar explicar essa minha afirmação. O interessante é que somente hoje pude atribuir um significado relevante a essa história que li há algum tempo e deslocar a ideia central do livro para o contexto em que vivo.
Ao traçar esse paralelo, digo que hoje vivemos como aquelas pessoas que foram colocadas em quarentena. Vivemos em condições precárias, nas quais o individualismo predomina e determina nossas ações. Vivemos apenas para sobreviver, esperando uma cura, um mundo melhor, no qual a paz e a solidariedade reinem. O problema é que essa “doença” de que compartilhamos é a mesma que nos impede de enxergar essa nossa situação. E não conseguimos perceber que há uma saída para essa vida de miséria pelo simples fato de sermos orgulhosos e não reconhecermos a nossa imperfeição e essa nossa condição.
E é a partir dessa ideia que explico as contradições e questões tão importantes e ao mesmo tempo insignificantes que existem dentro de cada país. Mas entre as inúmeras existentes quero dar destaque a uma que, somada ao contexto político do Brasil, tem sido foco de muitas discussões: o aborto.
Hoje deparei-me com uma opinião que, apesar de, penso eu, ser a da maioria da população, me causa certa preocupação. Não digo isso apenas por ser uma opinião totalmente oposta à minha, mas sim pelas contradições a que tais pessoas chegam e que reafirmam um dos meus pensamentos mais tristes: para onde o mundo está caminhando? Será que realmente é possível que estejamos a caminho de um mundo melhor quando queremos a legalização de uma lei que propõe a morte de seres que posteriormente se desenvolveriam e tornariam-se outros semelhantes a nós?
É claro que existem todas as justificativas que polarizam as opiniões sobre esse assunto e dão origem a outras que ainda defendem alguns casos excepcionais, mas não é sobre isso que vou comentar. O problema todo é que nem esse e nem outros assuntos polêmicos que surgirem serão claramente resolvidos até que se voltem ao fator que dá início a tudo isso, até que as pessoas percebam como deixar essas vidas incoerentes que só nos levam a esse mundo enraizado por problemas que se prolongam infinitamente e sem solução concreta.

A questão é: quando você conseguirá deixar de lado essa “cegueira branca” e afirmar que vê verdadeiramente?

Para mim, essa, infelizmente, não é uma cegueira temporária para muitos que continuarão sendo “cegos que veem, cegos que, vendo, não veem” !



“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.” (Oséias 4:6a)

“O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino.” (Provérbios 1:7)

“A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz.” (Tiago 3: 17-18)



S.Z.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sem medo de parecer ridículo

As pessoas são cada vez mais frias, mais discretas, mais fechadas. Têm medo de expressar o que sentem/pensam por acharem que vão fazer papel de ridículos.
POXA VIDA, se é o que elas sentem, quem pode dizer que estão erradas, que são exageradas, que são anormais?
Alguém por acaso consegue achar alguma lógica nos sentimentos?
Existe alguma matemática pra definir o grau de normalidade das ações de alguém? Existe alguma ciência que torne alguma pessoa capaz e digna de julgar os sentimentos alheios?
NAAO!
É claro que não!!
Eles são únicos; são naturais, são espontâneos..
São uma manifestação da pessoa de cada um, uma expressão pura e preciosíssima .
Por isso, não devem ser ignorados, deixados de lado. Não devem ser oprimidos, escondidos de todos os outros. Não devem ser pela metade; devem ser mostrados, porque assim uma pessoa exerce a liberdade que tem e que ninguém pode lhe tirar: a liberdade de sentir.
Além disso, às vezes os sentimentos de uma pessoa podem ser muito valiosos para outras... Às vezes a alegria de alguém, por ficar escondida, acaba levando outra pessoa a acreditar que não há felicidade ali. Às vezes esses sentimentos ignorados, são de interesse alheio também; são de interesse daqueles que te querem bem. Por ficarem obscuros, deixam de contagiar, deixam de emocionar, deixam de comover, deixam de fazer outras pessoas sentirem também....
Por isso, se quiser falar, FALE, se quiser gritar, GRITE, se quiser pular, PULE, se quiser cantar, CANTE. Se quiser chorar, CHORE, se quiser rir, RIA, se quiser dançar, DANCE, se quiser amar, AME. Demonstre aquilo que está dentro de você, SEM MEDO DE PARECER RIDÍCULO.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Comment peux-tu...?

Comment peux-tu vieillir en paix si tu regrettes ton enfance?

Comment peux-tu parler d'aimer si tu ne t'aimes pas?

Comment peux-tu parler de paix quand ton coeur vit la rage?

Comment peux-tu parler de bonheur quand ton coeur vit la tristesse?

Comment peux-tu parler de joie quand ton coeur vit le chagrin?

Comment peux-tu parler de vie quand ton coeur vit la mort?

Comment peux-tu parler au présent quand ton coeur vit dans le passé?

Comment peux-tu parler de rêve quand ton coeur vit tes échecs?

Comment peux-tu rendre les autres heureux quand ton coeur ne l'est pas?

Comment peux-tu pardonner si tu ne te pardonne pas?

Comment peux-tu accepter les autres si tu ne t'acceptes pas?

Comment peux-tu guérir si tu n'as pas la foi?

Comment peux-tu rayonner si aucune lumière n'entre en toi?

Comment peux-tu écrire si tu es vide d'expérience?

Comment peux-tu créer si tu ne fais pas confiance et ne t'abandonne pas?

Comment peux-tu changer les autres si tu ne te changes pas d'abord?

Comment peux-tu désirer la richesse si tu as toujours peur de la perdre?

Comment peux-tu réussir si tu n'es pas heureux de la réussite des autres?

Comment peux-tu voyager si tu ne rêves pas de voyage?

Comment peux-tu recevoir si tu ne donnes pas?

Comment peux-tu vivre, si tu ne crois pas à la vie?

Comment peux-t-on espérer être ce que l'on n'est pas?



Marcel Gagnon



-gostei ^^

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Canção da Excreção

É... olha só a que métodos recorrem vestibulandos desesperados...

Aprenda a classificar os seres vivos quanto à excreção! (eba, hein?)


Canção da Excreção

Protozoários com vacúolos
Platelmintos nas flamás
As aranhas e suas coxas
Os nemat com tubo agá (H)

Com Malpighi são insetos
Quilo, diplo e aracnídeos,
Diferente de quem tem néfrom:
Os moluscos e anelídeos

Logo agora após o estudo
O poema chega ao fim
Pra fechar, crustáceos verdes,
Pros vertebrados, o rim.


Laura e Markinho - poetas associados.

domingo, 22 de agosto de 2010

Corro pra Estação!




Antes achava muito esnobes os trens. Ignoram as paisagens. E como ousam? Correm como se tivessem desesperada pressa! Pressa? Por quê?
Se fosse eu, os faria moverem-se lentamente, a fim de aproveitar cada visão... Perpetuá-las na minha memória...
Claro que não tão devagar; me agrada a brisa que bate no rosto quando em velocidade e não a dispensaria.
Mas isso era antes, como disse.
Agora entendo.
Eles sabem pra onde vão. Não, não tem quê nenhum de presunção, caso assim tenha julgado. Eles simplesmente sabem. Não conhecem exatamente, mas é como se a ansiedade pela chegada os fizesse correr sem olhar pros lados, sem dar trela pra quaisquer distrações pelo caminho. Ah, e quão atraentes distrações. Mas mais atraente ainda é o destino que eles buscam.
E quando compreendi a motivação deles, tornei-me semelhantemente insaciável.
Não que seja apressada e ansiosa, apenas tento ir logo, ir reto de encontro aonde quero chegar. É certo que às vezes as pupilas me caem no cantos dos olhos para dar uma olhadela ao redor, é inevitável. Mas procuro manter o foco, e com todas as forças me empenho para chegar logo na Estação.
É, agora entendo os trens. E desejo correr como um deles, porque quero buscar o que de fato já busco.


L


ps.: a minha estação se chama RdC!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

That's where I find strength

When I feel life's lost its sense
When I think I've got no strength

When my feet have no direction
When my heart finds no affection

When my eyes can't see the way
When my tears lead me astray

When my hands are tired and weak
When my body and soul feel sick

I know who makes me free from my sin.
That's when I look at You
Your forgiveness makes me clean
And Your true love makes me new.



L

sábado, 26 de junho de 2010

Então eu faço birra mesmo.

Hoje aquela coisa forte voltou. Uma pulsação daquelas com arritmia... paradoxalmente, não falo do coração, mas falo dele sim...
Pois nele se concentra o peso semântico de lar dos sentimentos. Tipicamente, não é? E sabe, prefiro usar essa ilustração mesmo.
As pessoas mais "racionais" costumam falar que a origem dos sentimentos não é o coração, mas o cérebro. Tudo parte de impulsos nervosos, descargas hormonais, etc. Ok, cientificamente isso é aceitável. Mas como haveria poetas se falássemos do amor relacionando-o àquela massa estranha, amorfa e confusa que é o cérebro? Ao invés da melodia suave, ouço o barulho de motorezinhos e outros equipamentos dos doutores cientistas. Não, não. Não pode ser assim. Uma perspectiva muito fria, fria demais para um campo tão delicadamente profundo.
E então prefiro usar o típico.
E quando eu penso que só sou capaz de utilizar uma pequena porcentagem da capacidade do meu cérebro...! Quer dizer que só posso amar com uma porcentagem limitada?! O resto é desconhecido, inatingível até então. Meu amor, sim, é também indefinível, mas pelo contrário, o é porque ocupa todo o espaço, preenche de fato, o lugar inteiro. Aliás, tanto o preenche que até vaza. Não está contido só ali. E sou radical nesse aspecto, apesar de as pessoas desse mundinho do mais-ou-menos insistirem em criticar os extremos...
Acho que esse meu amor vermelho, e verde, e azul, e amarelo, e roxo, e laranja, e rosa não faz morada numa massa cinzenta.
Mas então pra agradar a todos sem ter que mentir, posso dizer e não volto atrás: meu cérebro tem forma de coração.

sábado, 19 de junho de 2010

Chuva Cansada

Lá fora cai a chuva.
Lá fora, de fora.
Todos vão embora.

Talvez sejam lágrimas de solidão,
lágrimas de quem só se sente
Lá, de fora, de lado, somente.
Embora se espalhe faz barulho mudo,
embora respingue e acabe molhando tudo,
apenas está presente.
Paradoxalmente, se faz ausente,
é água transparente, incolor.
Não sabe trazer cor, até tira o rubor.
Disfarça sua dor,
mas enfim, saturada,
derrete condensada,
chovendo sua seca de atenção,
em assonância e aliteração
numa melodia de uma só nota
que o céu azul em cinza desbota
cinza de um coração morto,
de um sonho então aborto.
Desejo de molhar sem cessar
e sem jamais deixar secar.

Lá fora cai a chuva.
E agora ainda é hora.
Por que você a ignora?


L

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Perder-se

Agora descobri que não é um verbo pronominal por acaso. "Perder-se", eu digo. Acho que finalmente entendi o significado dele. Ou acabo de criar um.
É...
Esse "se" que vem depois do hífen é muito ambíguo, se você parar pra pensar.
Geralmente a gente usa esse verbo em situações do tipo: "Estava numa trilha, me distraí e acabei me perdendo do grupo que acompanhava." ou coisas desse tipo. É incrível como nós sempre nos colocamos e vemos a partir de outro referencial.... "acabei me perdendo do grupo que acompanhava." Viu só? Será que não conseguimos nos ver, somente a nós mesmos?
Bom, a questão é que acabo de superar a transitividade desse verbo. Não, não me orgulho disso. De forma alguma.
Aliás, pelo contrário, isso é motivo de tristeza.
Perder-se. E só perder-se. Não de nada, nem de ninguém...
E deve doer. Não sei se dói, na verdade. Quando disse q superei a transitividade do verbo, não quis dizer que a experimentei. Apenas me "desalienei" quanto a ela...
Felizmente, nunca vou ter a chance de passar pra prática. Não tem mais jeito; tomei um caminho que, pra mim, não tem volta.
Aliás, é justamente por não ter feito essa mesma escolha que muita gente sente na pele o perder-se.
E ele é tão forte que cega. E como há ainda aquilo de pôr-se à sombra de referenciais, todos se veem na mesma situação e, portanto, julgam-se na normalidade, no esperado. Além ou aquém já é estranho. E o que é da maioria sempre acaba parecendo o certo... daí não se enxerga o que de fato o é. Não se enxerga porque não se quer. Alguém por favor, ensine-os a ver!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Momentos...

Cada segundo das nossas vidas tem valor. Sim, tem sim.
Talvez ter que dormir tão tarde e acordar tão cedo tenha me ajudado a perceber isso... mas não estou falando exatamente do segundo como um período de tempo, mas como um momento pelo qual passamos. Escrevo "momento" querendo dizer muito mais do que um determinado ponto no tempo, como alguns filósofos fazem. Escrevo "momento" querendo levar em conta as circunstâncias em que se passou. É uma interpretação mais qualitativa que quantitativa, se assim fica mais claro...
Lógico que cada momento tem valor também quando visto como espaço de tempo, mas aqui quero tratar a respeito da importância que ele tem quando considerado o tempo de uma determinada sensação, evento, marca...
A experiência, pelo que vivi até então, é sempre válida. Traz consigo surpresas e pode funcionar como parte de um processo de autodescoberta, assim como de aprendizagem.
Cada tempo é tempo de alguma coisa, não se deve querer adiar ou, pela ansiedade, antecipar. É preciso saber lidar com cada momento, e digo isso insatisfeita com as palavras "é preciso", afinal, assim parece até um sacrifício, quando, na realidade, é um privilégio. Se todos conseguissem enxergar a beleza de cada momento, se conseguissem reparar no quão precioso é ter cada um deles fazendo parte da sua história, acho que todo mundo seria poeta.
Se conseguissem olhar pela janela e ver as folhas das árvores caindo no outono, se pudessem rir com os amigos como se todas a infelicidade do mundo tivesse apenas sido eliminada,... todos seriam poetas.
Posso ser um tanto romântica, mas ainda acredito que os detalhes e as mínimas sutilezas são incrivelmente belos. É lamentável que muita gente tenha dificuldade em perceber isso, mas talvez isso seja bom por um lado; talvez torne tudo mais natural, mais espontâneo,...
O que eu gostaria muito é que fosse mais fácil simplesmente viver. Sem pensar demais (sem pensar de menos também), sem querer calcular cada passo, mas deixando cada momento marcar, cada momento ser O momento...

terça-feira, 30 de março de 2010

Aquele dia.

Lembro-me perfeitamente daquele dia. Não é à toa; jamais conseguiria esquecê-lo, mesmo que me empenhasse em fazê-lo. E certamente aqueles momentos ficarão gravados pra sempre na minha memória.
Isso porque, mais do que uma lembrança de um fato, essa é uma lembrança de um sentimento. Na verdade, não exatamente de "um sentimento". Uso essa palavra querendo dizer que me recordo do que senti naquela hora. A sensação... a percepção de algo diferente de qualquer outra coisa que já havia experimentado. Como uma onda de calor, mas ao mesmo tempo cheia de gelada solidão; essa lembrança me remete ao preciso segundo em que me percebi como alheia a todos os outros, apesar de também perfeitamente aceita e acolhida.

Foi feito um elo, um canal através do qual muita coisa era transmitida, mas um canal que ninguém ousava utilizar intencionalmente. Um acesso ao estrangeiro, uma associação de cores.
Uma ponte que, diferentemente das que conhecemos, funcionou como agulha costurando uma margem do rio à outra, eliminando o espaço por que as águas passavam correndo. Os dois lados agora entrelaçados, tornaram-se uma única terra, misturada, confusa e indistinguível.
O curso delas foi interrompido. Não, foi interrompido apenas na superfície.
Agora, o fluxo se dava por dentro da terra, zil vezes mais intenso. A água, embora não fosse mais aquela transparente, era ainda pura. Realmente pura. Jamais fora tocada.
Jamais fora usada. Jamais fora explorada.
Aparentemente não foi nada de sobrenatural. Mas o fato de os solos diferentes se misturarem teve um grande efeito sobre todo o ecossistema característico de cada um. Engraçado como duas terras separadas por uma divisão tão insignificante, tão estreita, tão tênue podiam ser tão diferentes. Estavam sob o mesmo céu, cercadas pelo mesmo rio. Mas o cavocar delas mostraria as diferenças que tinham por dentro. Não, não eram tantas, mas uma tinha certas coisas que na outra faltavam, enquanto outra tinha coisas que na uma eram escassas.
Por isso foi tão marcante quando se associaram, visto que uma compensava a outra com suas características diferenciais. Parecia que aquilo era proposital, que alguma força exterior (a mãe natureza, quem sabe) trabalhava para que aquilo acontecesse. E foi muito bom para ambos os lados.
Me lembro perfeitamente como aquilo foi preenchedor, pareceu dar mais cor à paisagem antes desbotada. Não havia problemas com a paisagem anterior a esse evento, afinal, não era conhecido o resultado que aquela aliança era capaz de gerar. Não se sabia que era possível melhorar ou mudar alguma coisa radicalmente. Mas foi. As terras tornaram-se mais férteis por algum tempo, gerando mais e mais frutos. Também, como já disse, ganharam mais cor, mais brilho de sol e luz de luar.
Impossível escrever a sensação de ver tão bela cumplicidade se iniciando, tão bela amizade, tão fortalecedora união. Por isso digo que jamais me esquecerei daquele dia. Aquela penumbra alaranjada em meio ao verde, o calor fazendo suar as mãos, a água correndo como se desesperada e também confusa, sem direção.
Foi o dia em que o norte se perdeu, assim como a noção de tempo e a distância que separava margens acanhadas dum decrescente rio.


L

ps.: eu sei, ninguém entendeu. tanto faz, escrevi pra mim, escrevi pra registrar uma visão... um dia vou precisar disso. nao pergunte.

Uma análise poética da rotina de um alarme

O alarme da casa ao lado disparou. Talvez nada grave tenha realmente acontecido. Quem sabe ele não está querendo avisar que há algum defeito na sua estrutura ou instalação... Ou alguma coisa pode haver de fato provocado o seu humor, que já não deve ser dos melhores.
Não sem razão, né? Afinal, quem é que gostaria de ficar o tempo todo trabalhando para a segurança dos outros, sem poder sair do lugar ou abrir a boca sem gritar. E ainda por cima, quando ele trabalha, todo mundo reclama. Se foi por causa de alguma invasão, todos ficam nervosos e com medo de quem possa ter entrado. E se não foi, todos se irritam com o barulho.
Talvez ele já tenha planejado não funcionar só pra ver qual seria a reação das pessoas. Alguém poderia entrar sem ser percebido e fazer o que bem entendesse. Mas aí pensou que se isso acontecesse, também ouviria xingamentos por não ter sido eficiente em sua função.
Muito dura essa vida de alarme.
Agora prestando mais atenção, posso distinguir o som de passarinhos cantando ao mesmo tempo em que o alarme soa, incomodando o tímpano de quem passa nas proximidades. E então concluo que o mais provável é que o alarme tenha se irritado com a melodia dos passarinhos.
Talvez tenha libertado agora toda a indignação que já sentiu na vida enquanto ouvia a doce voz desses pequeninos voadores e só podia se contentar com a sua, estridente e estressante. Quem sabe não tenha guardado já uma grande mágoa por tamanha injustiça cometida contra os alarmes... por quê só os passarinhos podem ter essa voz?
Pobre alarme. Destinado a exercer pra sempre essa mesma função sem agradar aos ouvidos mais azarados que estiverem por perto eventualmente.
Afinal de contas, quem é que já começou um livro ou um conto dizendo "era um lindo dia de sol e o alarme do vizinho disparava com seu suave e agradável som"?