sábado, 23 de outubro de 2010

O véu de sete metros

Não me esforcei muito, mas parece que cavoquei bem fundo na terra e encontrei um baú de tesouros nessa tarde.
Lembrei-me de algo que marcou muito a minha infância... Na verdade, eu não tinha esquecido, só não era mais tão nítido...
Eu sempre me recordei de ouvir meu avô cantando pra mim, quando eu tinha por volta dos meus 3 anos, uma musiquinha exatamente assim: "Quem quer casar com a Senhora Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?"
Nunca me esqueci de que havia um rato que caíra na panela de feijão também...
Mas... não conseguia entender qual era o sentido dessas lembranças...
Pra ser sincera, ainda não consegui... mas encontrei uma coisa preciosíssima!
Descobri de onde vinham essas lembranças sobre uma baratinha e um rato e uma panela de feijão.
E descobri também porque, logo no comecinho da minha infância, eu secretamente queria me casar usando um véu de sete metros.
É. É isso mesmo. Era segredo, mas agora vocês também sabem... E se quiserem saber o motivo, assistam:

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eu e os trens outra vez.



Há alguns dias fui visitar a estação e o museu ferroviário da minha cidade. Simples, pequenos, nada como uma cidade interiorana com um único shopping (até agora, né?). E como me deliciei!
Não resisti e tirei umas (milhares, segundo a S) fotos por lá. Mas, poxa, era impossível não fazê-lo e, tenho certeza, você concordaria se fosse eu. (Ah, jura???!!)(Sério, meeu!)(Poxa, GRANDE revelação!)
Sei que, me intrometendo com meus átomos do século XXI (calma, eu sei que não é assim que funciona, mas vamos lá, isso é um texto de blog e não um doutorado em Química) e meu celular um tanto moderno, de certa forma, pequei contra o espírito de coisa-antiga que pairava naquele ar fresco, o ar que na minha cabeça era empoeirado e tinha aquele efeito sépia. Mas o encanto era grande a ponto de custar caro manter-me tangenciando tudo aquilo apenas com os olhos. Eu precisava sonhar mais do que com a cabeça e o coração; queria abusar do tato, já que naquela hora isso me era permitido.
Ah, eu o fiz. Entrei em cada vagão, toquei nas paredes, sentei em todos os bancos. Admirando os desenhos talhados na madeira, vendo com os dedos todo o trabalho dedicado naquela construção, senti a manifestação dos "olhos brilhantes" (vou usar sempre essa expressão, ok, minha querida E?). Fascinante imaginar os viajantes de primeira classe almoçando dentro dos vagões; praticamente pude ouvir o som dos mil talheres encontrando a porcelana dos pratos. Imaginei homens de bigodes com seus chapéus e maletas de couro marrom, homens de negócios. Imaginei meninos com boinas e meias até os joelhos. Mulheres e meninas com vestidos cheios de rendas e babados, cabelos encaracolados como os de bonecas.
Trens me lembram uma época mais antiga, os posiciono sempre naquele cenário em que eles geralmente são colocados nos filmes, sabe? Lembram-me preto e branco; lembram-me pérolas e chapéus com penas. Não me pergunte o porquê.
Quaisquer lembranças desse passado que não pude presenciar são incríveis para mim, pois sei que jamais terei a oportunidade de vivê-lo. O futuro, ah o futuro ainda me espera. Mas o passado não volta e o mistério que ele cria em mim me incomoda muito ao mesmo tempo em que me emociona.
Cartas amareladas, músicas típicas antigas (daquelas em cujas gravações é possível ouvir uns estalos vez ou outra), fotos desbotadas, roupas,... quaisquer vestígios desse tempo me fazem viajar e encontrar na minha imaginação coisas bonitas como enredos de histórias de amor bem românticas.
Vi um telefone muito antigo, bem diferente, mas BEEEEM diferente MESMO do que o que temos hoje, vi máquinas de escrever, máquinas de calcular (que não haviam sido batizadas de calculadoras ainda), máquinas pra digitar em código morse. Vi vários relógios enormes bem velhos, vi uma escrivaninha deslumbrante, cheia de pequenas gavetas.
Mas mais do que isso, algo que não posso exprimir em palavras me tomou naqueles momentos, como se eu pudesse compartilhar daquela realidade e não só de impressões sobre ela, como se flashes do que se passou ali há décadas se repetissem na minha presença.
Nunca vou me esquecer de nada daquilo, principalmente dos desenhos talhados na madeira das paredes e do teto dos vagões.
É... Preciso mesmo de uma viagem de trem. Com uma bela paisagem, de preferência.
Ah, e peço licença, mas não dispenso uma boa câmera fotográfica!

Enxergando com olhos de cegos - por S.Z.

Sou uma amiga da Laura e pedi um espaço no blog para postar um texto que tive vontade de escrever após assistir a uma aula hoje na escola:


Enxergando com olhos de cegos

E hoje percebo que me encontro em meio a uma sociedade cega. Não que eu viva somente entre pessoas desprovidas desse sentido tão precioso que nos permite enxergar desde simples detalhes até a beleza grandiosa de uma paisagem, mas a questão é que mesmo possuindo a visão as pessoas não conseguem ver verdadeiramente.
Atrevo-me até a utilizar o livro de Saramago, "Ensaio sobre a cegueira", para tentar explicar essa minha afirmação. O interessante é que somente hoje pude atribuir um significado relevante a essa história que li há algum tempo e deslocar a ideia central do livro para o contexto em que vivo.
Ao traçar esse paralelo, digo que hoje vivemos como aquelas pessoas que foram colocadas em quarentena. Vivemos em condições precárias, nas quais o individualismo predomina e determina nossas ações. Vivemos apenas para sobreviver, esperando uma cura, um mundo melhor, no qual a paz e a solidariedade reinem. O problema é que essa “doença” de que compartilhamos é a mesma que nos impede de enxergar essa nossa situação. E não conseguimos perceber que há uma saída para essa vida de miséria pelo simples fato de sermos orgulhosos e não reconhecermos a nossa imperfeição e essa nossa condição.
E é a partir dessa ideia que explico as contradições e questões tão importantes e ao mesmo tempo insignificantes que existem dentro de cada país. Mas entre as inúmeras existentes quero dar destaque a uma que, somada ao contexto político do Brasil, tem sido foco de muitas discussões: o aborto.
Hoje deparei-me com uma opinião que, apesar de, penso eu, ser a da maioria da população, me causa certa preocupação. Não digo isso apenas por ser uma opinião totalmente oposta à minha, mas sim pelas contradições a que tais pessoas chegam e que reafirmam um dos meus pensamentos mais tristes: para onde o mundo está caminhando? Será que realmente é possível que estejamos a caminho de um mundo melhor quando queremos a legalização de uma lei que propõe a morte de seres que posteriormente se desenvolveriam e tornariam-se outros semelhantes a nós?
É claro que existem todas as justificativas que polarizam as opiniões sobre esse assunto e dão origem a outras que ainda defendem alguns casos excepcionais, mas não é sobre isso que vou comentar. O problema todo é que nem esse e nem outros assuntos polêmicos que surgirem serão claramente resolvidos até que se voltem ao fator que dá início a tudo isso, até que as pessoas percebam como deixar essas vidas incoerentes que só nos levam a esse mundo enraizado por problemas que se prolongam infinitamente e sem solução concreta.

A questão é: quando você conseguirá deixar de lado essa “cegueira branca” e afirmar que vê verdadeiramente?

Para mim, essa, infelizmente, não é uma cegueira temporária para muitos que continuarão sendo “cegos que veem, cegos que, vendo, não veem” !



“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.” (Oséias 4:6a)

“O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino.” (Provérbios 1:7)

“A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz.” (Tiago 3: 17-18)



S.Z.