Hoje aquela coisa forte voltou. Uma pulsação daquelas com arritmia... paradoxalmente, não falo do coração, mas falo dele sim...
Pois nele se concentra o peso semântico de lar dos sentimentos. Tipicamente, não é? E sabe, prefiro usar essa ilustração mesmo.
As pessoas mais "racionais" costumam falar que a origem dos sentimentos não é o coração, mas o cérebro. Tudo parte de impulsos nervosos, descargas hormonais, etc. Ok, cientificamente isso é aceitável. Mas como haveria poetas se falássemos do amor relacionando-o àquela massa estranha, amorfa e confusa que é o cérebro? Ao invés da melodia suave, ouço o barulho de motorezinhos e outros equipamentos dos doutores cientistas. Não, não. Não pode ser assim. Uma perspectiva muito fria, fria demais para um campo tão delicadamente profundo.
E então prefiro usar o típico.
E quando eu penso que só sou capaz de utilizar uma pequena porcentagem da capacidade do meu cérebro...! Quer dizer que só posso amar com uma porcentagem limitada?! O resto é desconhecido, inatingível até então. Meu amor, sim, é também indefinível, mas pelo contrário, o é porque ocupa todo o espaço, preenche de fato, o lugar inteiro. Aliás, tanto o preenche que até vaza. Não está contido só ali. E sou radical nesse aspecto, apesar de as pessoas desse mundinho do mais-ou-menos insistirem em criticar os extremos...
Acho que esse meu amor vermelho, e verde, e azul, e amarelo, e roxo, e laranja, e rosa não faz morada numa massa cinzenta.
Mas então pra agradar a todos sem ter que mentir, posso dizer e não volto atrás: meu cérebro tem forma de coração.
sábado, 26 de junho de 2010
sábado, 19 de junho de 2010
Chuva Cansada
Lá fora cai a chuva.
Lá fora, de fora.
Todos vão embora.
Talvez sejam lágrimas de solidão,
lágrimas de quem só se sente
Lá, de fora, de lado, somente.
Embora se espalhe faz barulho mudo,
embora respingue e acabe molhando tudo,
apenas está presente.
Paradoxalmente, se faz ausente,
é água transparente, incolor.
Não sabe trazer cor, até tira o rubor.
Disfarça sua dor,
mas enfim, saturada,
derrete condensada,
chovendo sua seca de atenção,
em assonância e aliteração
numa melodia de uma só nota
que o céu azul em cinza desbota
cinza de um coração morto,
de um sonho então aborto.
Desejo de molhar sem cessar
e sem jamais deixar secar.
Lá fora cai a chuva.
E agora ainda é hora.
Por que você a ignora?
L
Lá fora, de fora.
Todos vão embora.
Talvez sejam lágrimas de solidão,
lágrimas de quem só se sente
Lá, de fora, de lado, somente.
Embora se espalhe faz barulho mudo,
embora respingue e acabe molhando tudo,
apenas está presente.
Paradoxalmente, se faz ausente,
é água transparente, incolor.
Não sabe trazer cor, até tira o rubor.
Disfarça sua dor,
mas enfim, saturada,
derrete condensada,
chovendo sua seca de atenção,
em assonância e aliteração
numa melodia de uma só nota
que o céu azul em cinza desbota
cinza de um coração morto,
de um sonho então aborto.
Desejo de molhar sem cessar
e sem jamais deixar secar.
Lá fora cai a chuva.
E agora ainda é hora.
Por que você a ignora?
L
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Perder-se
Agora descobri que não é um verbo pronominal por acaso. "Perder-se", eu digo. Acho que finalmente entendi o significado dele. Ou acabo de criar um.
É...
Esse "se" que vem depois do hífen é muito ambíguo, se você parar pra pensar.
Geralmente a gente usa esse verbo em situações do tipo: "Estava numa trilha, me distraí e acabei me perdendo do grupo que acompanhava." ou coisas desse tipo. É incrível como nós sempre nos colocamos e vemos a partir de outro referencial.... "acabei me perdendo do grupo que acompanhava." Viu só? Será que não conseguimos nos ver, somente a nós mesmos?
Bom, a questão é que acabo de superar a transitividade desse verbo. Não, não me orgulho disso. De forma alguma.
Aliás, pelo contrário, isso é motivo de tristeza.
Perder-se. E só perder-se. Não de nada, nem de ninguém...
E deve doer. Não sei se dói, na verdade. Quando disse q superei a transitividade do verbo, não quis dizer que a experimentei. Apenas me "desalienei" quanto a ela...
Felizmente, nunca vou ter a chance de passar pra prática. Não tem mais jeito; tomei um caminho que, pra mim, não tem volta.
Aliás, é justamente por não ter feito essa mesma escolha que muita gente sente na pele o perder-se.
E ele é tão forte que cega. E como há ainda aquilo de pôr-se à sombra de referenciais, todos se veem na mesma situação e, portanto, julgam-se na normalidade, no esperado. Além ou aquém já é estranho. E o que é da maioria sempre acaba parecendo o certo... daí não se enxerga o que de fato o é. Não se enxerga porque não se quer. Alguém por favor, ensine-os a ver!
É...
Esse "se" que vem depois do hífen é muito ambíguo, se você parar pra pensar.
Geralmente a gente usa esse verbo em situações do tipo: "Estava numa trilha, me distraí e acabei me perdendo do grupo que acompanhava." ou coisas desse tipo. É incrível como nós sempre nos colocamos e vemos a partir de outro referencial.... "acabei me perdendo do grupo que acompanhava." Viu só? Será que não conseguimos nos ver, somente a nós mesmos?
Bom, a questão é que acabo de superar a transitividade desse verbo. Não, não me orgulho disso. De forma alguma.
Aliás, pelo contrário, isso é motivo de tristeza.
Perder-se. E só perder-se. Não de nada, nem de ninguém...
E deve doer. Não sei se dói, na verdade. Quando disse q superei a transitividade do verbo, não quis dizer que a experimentei. Apenas me "desalienei" quanto a ela...
Felizmente, nunca vou ter a chance de passar pra prática. Não tem mais jeito; tomei um caminho que, pra mim, não tem volta.
Aliás, é justamente por não ter feito essa mesma escolha que muita gente sente na pele o perder-se.
E ele é tão forte que cega. E como há ainda aquilo de pôr-se à sombra de referenciais, todos se veem na mesma situação e, portanto, julgam-se na normalidade, no esperado. Além ou aquém já é estranho. E o que é da maioria sempre acaba parecendo o certo... daí não se enxerga o que de fato o é. Não se enxerga porque não se quer. Alguém por favor, ensine-os a ver!
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