sábado, 31 de dezembro de 2011

Novo ano, onde está a nova vida que você me prometeu?




Mais uma virada de ano. Mais mil votos de viradas de vida. Desejam-se novidades, alegrias, sucesso, paz, tudo quanto é palavra que soa bem. Toda aquela preparação e o ano vira. Um segundo vira outro e a vida... vira?
Tem quem queira que vire do avesso, pro lado contrário, de pernas pro ar. Tem quem queira que vire positivamente, pra frente, na direção das coisas boas que desejam aos próximos e a si mesmos.
2012 é o vocativo dos chamados para chegar logo e trazer consigo tudo isso; espera-se com grandiosas expectativas todas as surpresas que o ano trará.
O problema disso tudo é que o calendário novo não pode se responsabilizar pela vida das pessoas. Não são um número, novas folhas de papel, 4 estações demarcadas e nem aquele 29 de fevereiro que não tivemos em 2011 que farão do vindouro um ano diferente. O sujeito está errado, 2012 é apenas advérbio temporal.
E pra você que balança a cabeça em concordância com isso e pensa "é, o sujeito sou eu", não, meu amigo, ainda não chegou lá. Explicá-lo-ei.
Réveillon, o nome que demos para essa data, vem do verbo francês "réveiller", que significa "despertar". É possível relacioná-lo ao nascer de um novo ano, mas pelas razões expostas acima, prefiro associá-lo a nós mesmos. A mim. Eu preciso despertar. Preciso acordar. Nós precisamos.
Precisamos abrir os olhos para a realidade, não apenas aquela que diz respeito à cicatriz ventral em torno da qual muitas vezes achamos que o universo orbita, mas sim aquela que abrange um campo de visão maior que o dos nossos olhos. Pensando nos excluídos, adoentados, miseráveis que não tem pão e muito menos peru pra cear em fim de ano e ter mais do que pena deles; tomando iniciativa, sendo proativos. Precisamos olhar pras nossas famílias, atentar para os relacionamentos de dentro de casa, deixar a negligência e o egoísmo e parar pra dizer um "eu te amo" àqueles que mais convivem conosco, mas que por vezes são os que menos ouvem essas palavras da nossa boca. Precisamos olhar pro futuro, sem tirar os pés no presente, agindo agora visando a colheita de amanhã. Agindo agora, repito.
Mas antes de tudo isso, precisamos acordar a nossa fé naquele que é o verdadeiro sujeito dessa história toda.
Ele é quem nos leva a agir de maneira que não apenas o último algarismo das nossas datas mude, mas de modo que nós mudemos o que for necessário em nós mesmos, refletindo no que nos envolve. Aquele que detém o conhecimento e o controle de todas as coisas é o mesmo que nos oferece amor constante, que não passa nem se interrompe, e graça contínua, que não serve apenas para ocasiões especiais, mas nos perdoa e justifica imerecidamente.
O que espero hoje, amanhã, depois de amanhã e depois de depois de amanhã (...) é o fortalecimento da fé. Não da ilusão que preenche tanta gente, que nessa madrugada vai se vestir de uma cor X e fazer mil promessas e desejos. Nem daquela confiança de que tudo vai acontecer sozinho na hora que for pra acontecer, que deixa estagnados os que a têm. Mas sim da fé, que traz consigo a esperança fundamentada, a disposição, a força, a sabedoria verdadeira e a felicidade como trajeto e não como destino.
Venha 2012 e chame aqueles que têm fé para conhecerem as alegrias preparadas para eles. Pois é nO Sujeito que está a tão esperada Nova Vida.

Um comentário:

Gesse disse...

Carai!(coloquei meio espanholado mas a vontade é dizer em portugues! Como bom Paulistano diria!)
Seus textos sempre me fazem um sorriso! Pela literacidade que você sempre pôe nos detalhes!
E esse me fez pensar mais ...poo gostei demais!
Não poderia ter investido meus minutos de maneira melhor!

Deus te abençoe nesse ano!
Que Deus retire as escamas de nossos olhos pra vermos a lindeza dEle mesmo em nós hum anos =)
Paz!

ps. como você sabia que eu pensei em procurar a etimologia da palavra reveillon? Thanks anyway!